Uma mulher de 52 anos, que trabalhava como doméstica, foi resgatada no município de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, depois de permanecer por 40 anos submetida a condições análogas à de escravo.


 De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a mulher foi retirada do local de trabalho na quarta-feira (30), encaminhada para a casa de familiares na quinta (31), em Itacaré, no sul baiano, e um acordo com a empregadora vai garantir o pagamento de verbas rescisórias e de indenização por danos morais.
 A ação fiscal foi motivada por uma denúncia que chegou à unidade do MPT em Vitória da Conquista no ano passado. O órgão informou que antes de ir até a pensão para estudantes onde a doméstica estava, foram necessárias investigações preliminares. Entretanto, quando os fiscais chegaram ao local, o teor das denúncias foi confirmado.

 Ao ser ouvida pelos auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, a vítima contou que começou a trabalhar para a empregadora quando tinha apenas 12 anos. Na época, ela morava em uma fazenda em Ubaitaba, no sul baiano, e o pai concordou em deixar a filha seguir com a empregadora para Itabuna, onde ela morava naquela época.

 Nos primeiros anos, a doméstica ainda tinha contato com o pai, que a visitou algumas vezes, mas com a mudança da patroa para Vitória da Conquista esse contato se rompeu.

 Somente em 2019, mais de 30 anos depois de ter visto o pai pela última vez, a mulher reatou o contato com a família. O MPT informou que ela já se sentia em situação análoga à de escravos.

 A mulher contou aos integrantes da força-tarefa que viu em um programa de televisão a notícia do resgate de uma empregada doméstica como ela, que permaneceu por décadas na casa da patroa e que também teve benefícios previdenciários negados pelo empregador.

 A partir de então, passou a alimentar a esperança de ser resgatada da situação que vivia. No entanto, o caso só chegou ao conhecimento das autoridades por causa de uma denúncia encaminhada por um delegado da Polícia Federal, que fez a comunicação ao MPT.
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