Bahia é o estado com mais empresas no vermelho do Nordeste e 6º no país

 Se a economia anda mal para os consumidores, para as empresas o cenário também não tem sido muito diferente. Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, a Bahia é o estado que tem mais negócios no vermelho no Nordeste e o sexto no país. Foram identificados 328.466 negócios nessa situação, que juntos deviam R$ 4,7 bilhões. Em média, cada empresário baiano deve R$ 14,6 mil aos credores. A pesquisa considerou as empresas que em outubro estavam com ao menos uma conta atrasada. Em outubro de 2020, eram 296 mil empresas nessa situação, o que representa um acrescimento de 10% de endividados.

 Especialistas dizem que juros altos, a guerra na Ucrânia associada a pandemia, e má gestão são responsáveis por esse cenário. O especialista em finanças corporativas e reestruturação de empresas, Renato Penna, explica.

 Outro fator preocupante são os juros altos. O especialista lembrou que há dois anos, a taxa básica de juros (Selic) estava em 2% e que este ano alcançou o patamar de 13,75%. “O mundo todo está vivendo uma pressão inflacionária por conta da pandemia e da guerra, e aumentar os juros é uma forma de frear a inflação, mas por outro lado impacta diretamente nas empresas que têm dívidas”, afirmou.

 O setor mais afetado é o de serviço, onde 53,4% dos empresários estão com as contas atrasadas. Em seguida aparece Comércio (37,6%), Indústria (7,8%), Primário (0,8%) e Outros (0,4%). O consultor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Guilherme Dietze, explica que a recuperação é um desafio, porque enquanto os consumidores tem 13º salário e outras fontes de ajuda, o empresário depende de uma conjuntura econômica para se reerguer.

 Os especialistas orientam os empresários a trocarem linhas de crédito com jutos elevados, como cartão de crédito e cheque especial, por financiamento mais baratos. É preciso renegociar taxas, multas e parcelamentos, rever contratos com fornecedores, e aumentar a receita fazendo alterações no negócio e buscando novas formas de venda para atrair mais consumidores.

 Não são apenas os empresários baianos que estão com a corda no pescoço. A pesquisa apontou que, em outubro, o país tinha 6,3 milhões de negócios com o nome no vermelho. Em média, cada CNPJ negativado possui sete contas atrasadas a pagar. Essa é a maior quantidade atingida desde o início da série histórica do índice, em 2016.

 São Paulo é o estado com maior número de devedores, são 2 milhões, sendo seguido por Minas Gerais (616 mil) e Rio de Janeiro (563 mil). A Bahia ocupa a sexta posição nesse ranking. Luísa* é dona de uma loja de roupas no Subúrbio Ferroviário de Salvador e está nessa lista.

 As micro e pequenas empresas representam 5.6 milhões dos negócios com o nome no vermelho em outubro, sendo o Sudeste a região líder com 52,9%. Em sequência estão o Nordeste (16,6%), o Sul (16,3%), Centro-Oeste (8,9%) e Norte (5,3%).

 Para complicar ainda mais a situação, a população está endividada e outra pesquisa do Serasa, divulgada nesta quinta-feira (1º), aponta que 63% dos consumidores vão usar o 13º salário para pagar as dívidas ou limpar o nome, o que vai impactar diretamente nas vendas do varejo. Pela primeira vez, o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas registrou mais de 69 milhões de endividados no país

 A cabeleireira Janete Silva, 28 anos, está contando com o 13º para resolver uma pendência com a operadora de cartão de crédito. “Fiz umas dívidas há uns dois anos e não consegui pagar. Os juros foram acumulando e virou uma bola de neve. Preciso do meu nome limpo, não gosto de ficar devendo, então, vou tentar negociar”, disse.

 A pesquisa apontou as prioridades dos entrevistados: pagar dívidas (25,8%), limpar o nome (25,6%), e saldar as contas básicas, como água, luz, aluguel e gás (12,5%). O Feirão Serasa Limpa Nome disponibiliza mais de 250 milhões de ofertas com até 99% de descontos para a quitação de débitos atrasados ou negativados. Os interessados devem acessar os canais oficiais da Serasa ou o WhatsApp (11) 99575–2096. A Câmara dos Dirigentes Lojistas da Bahia (CDL) foi procurada, mas não se manifestou.

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