O Superior Tribunal de Justiça aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra a desembargadora Lígia Maria Ramos Cunha, do Tribunal de Justiça da Bahia, e dois filhos dela, Arthur e Rui Barata, acusados de organização criminosa e lavagem de dinheiro. A decisão transformou os investigados em réus, num desdobramento da Operação Faroeste, que apontou suposto esquema de venda de decisões judiciais em disputas de terras no oeste baiano.

Tomada na quarta-feira (19), a decisão do STJ também tornou réu um advogado que colaborou com as investigações. Outros dois advogados, que também eram alvos da denúncia, foram excluídos do processo pela Corte. Conforme o Colegiado, em relação a eles, o MPF não demonstrou, de forma adequada, a necessidade de levá-los a julgamento.

O STJ também decidiu pela manutenção de sua competência para julgar o caso, apesar de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ter aplicado pena de aposentadoria à desembargadora Lígia Maria Ramos Cunha Lima em 2024.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a partir da ascensão de Lígia Maria Ramos Cunha Lima ao cargo de desembargadora, em 2015,  quando passou a atuar na Câmara do Oeste, órgão do TJ-BA, os acusados teriam formado organização criminosa destinada a obter vantagem econômica mediante a prática dos crimes de corrupção e lavagem de capitais.

O MPF afirma que os denunciados negociaram R$ 950 mil em troca de decisões sob a relatoria da desembargadora, pagamentos que teriam sido objeto de lavagem de ativos. O MPF narra ainda que um dos filhos da magistrada comprou um carro de R$ 145 mil um dia após a mãe proferir um voto que teria sido negociado por R$ 400 mil.

A desembargadora também é acusada de tentar obstruir as investigações contra ela e os demais integrantes da organização, entre novembro de 2019 e 14 de dezembro de 2020, data em que foi presa preventivamente. Na casa da magistrada, os investigadores encontraram documentos relacionados às investigações da Operação Faroeste. Com G1.