A violência contra idosos na Bahia continua a crescer de forma alarmante, revelando uma realidade cruel e muitas vezes invisível: nesses quase cinco meses de 2025 o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) já registrou 3.221 casos de violência contra idosos no estado – no ano de 2024 foram registradas 8.346 denúncias.

O mais recente, na cidade de Barreiras (oeste baiano), uma idosa de 78 anos acamada e com dificuldades de comunicação, foi brutalmente agredida pela própria cuidadora. A agressora foi presa no último domingo e especialistas alertam sobre a atenção que as famílias devem ter ao escolher os profissionais que colocam em suas casas.

Para a técnica de enfermagem e cuidadora de idosos, Irá Souza dos Santos, seguir com essa profissão é exige que a pessoa seja “um depósito de amor, carinho, cuidado, e respeito pelo idoso e pela história dele”. É entender, explica ela, o que o idoso precisa e o que o profissional do cuidar tem de melhor para oferecer. “Todas as vezes que vejo situações como essa da idosa de Barreiras, fico com um sentimento de dor e angústia, pois é difícil aceitar uma atitude como essa direcionada a alguém tão indefeso”, lamenta a cuidadora, apontando a importância de se atenção aos antecedentes e histórico do profissional.

E esse não foi um caso isolado. O número de famílias e clientes que chegam na agência com um histórico de experiências ruins com cuidadores anteriores é recorrente e crescente. “Nem um mínimo comportamento negativo por parte de nossas cuidadoras é aceitável. (…) É saber que aqueles idosos já foram jovens, empoderados e independentes, e hoje se veem do outro lado, dependentes e precisando dos mais variados cuidados”, explica a gestora.

Presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa (CMPI), Luciana Calasans aponta ainda o quanto a demanda por cuidadores de idosos tem crescido à medida que a população brasileira envelhece cada vez mais. Isso aumenta a presença desses profissionais nos lares e deve redobrar a atenção das famílias. “Hoje existem muitas agências de cuidadores, então o ideal é que as pessoas busquem saber as qualificações e histórico dessas agências, quanto do profissional que vai cuidar de seu familiar. O CMPI tem se aproximado cada vez mais das instituições que acolhem esses idosos para orientar seus profissionais e realizar cursos de capacitação que complementam a formação que eles já têm”, explica Luciana Calasans.

Nos dias 6 e 7 de junho o CMPI irá realizar a 6ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, no Instituto Federal da Bahia (IFBA), para discutir políticas públicas e outras demandas dos idosos, reunindo instituições, profissionais do cuidar, idosos e seus familiares.