Número de adultos com diabetes mais que triplicou nos últimos 30 anos
O número de adultos vivendo com diabetes nas Américas mais que triplicou nos últimos 30 anos, segundo relatório divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no final do ano passado. O documento mostra ao menos 62 milhões de pessoas vivendo com diabetes na região, mas o número deve ser muito maior, pois cerca de 40% das pessoas não sabem que têm a doença.
Caso não ocorram mudanças nas tendências atuais, o número de pessoas com diabetes total da América do Sul, América do Norte e América Central poderá chegar a 109 milhões até 2040, aponta a Opas. Dados do Ministério da Saúde estimam quase 16 milhões de adultos brasileiros, colocando o país em sexto lugar no ranking de incidência da América Latina.
O relatório da Opas mostra que a doença é a sexta causa de mortalidade nas Américas e provocou 284 mil mortes em 2019, sendo ainda a segunda maior causa de incapacidade, superada apenas pela doença isquêmica do coração. O diabetes é a principal causa de cegueira em pessoas de 40 a 74 anos, amputações de membros inferiores e doença renal crônica. Além disso, triplica o risco de morte por doença cardiovascular, doença renal ou câncer.
A entidade associa o crescimento no número de casos ao avanço dos fatores de risco, ressaltando que dois terços dos adultos nas Américas estão com sobrepeso ou obesos, e apenas 60% fazem exercícios suficientes. Diante desse cenário, o desenvolvimento de novas medicações é uma ferramenta importante para que as pessoas com diabetes consigam controlar a doença e manter uma boa qualidade de vida.
O diabetes tipo 2 é o mais comum, sendo responsável por cerca de 90% dos casos em adultos, e é caracterizado pelo desenvolvimento de uma resistência à insulina, que continua sendo produzida normalmente. Já o tipo 1, geralmente se manifesta ainda na infância ou adolescência e é resultado da falência na produção de insulina pelo pâncreas.
Conforme a endocrinologista explica, o rim geralmente começa a jogar açúcar para a urina quando a concentração no sangue ultrapassa 180 miligramas, e com a inibição da proteína SGTL2 o limiar de glicemia para que essa eliminação seja iniciada cai para 90. Esses medicamentos, também chamados de glifozinas, ajudam ainda no controle da pressão arterial, devido ao impacto na eliminação de sódio, e também auxilia no combate à perda de peso.
A outra classe terapêutica destacada pela médica é a dos análogos de GLP-1 (um hormônio produzido pelo intestino que atua no mecanismo de secreção de insulina), a exemplo da liraglutida, dulaglutida e semaglutida. Ela conta que a apresentação inicial desses medicamentos era em injeções semanais, mas em breve será possível utilizar a semaglutida por via oral.
Além desses dois grandes grupos já disponíveis para pessoas com diabetes, Reine cita a expectativa em torno da chegada do medicamento chamado de análogo dual, pois simula tanto o GLP-1 quanto o GIP, tendo ação sobre a insulina e o glucagon. “Essa medicação tem um efeito muito importante no controle do diabetes e, principalmente, na perda de peso”, reforça. Vale lembrar que a obesidade é um dos fatores de risco para o diabetes tipo 2.
Com ou sem histórico, a glicemia entre 100 e 126 indica um estágio de pré-diabetes, alerta a endocrinologista, acrescentando que em alguns casos é necessário entrar com medicação para evitar a evolução do quadro. “Se a pessoa tem uma glicemia de jejum maior que 126 em duas ocasiões ou em algum momento do dia tem glicemia maior que 200, essa pessoa já é diabética”, completa.
A médica chama a atenção para o limiar estreito, quanto às medições de glicemia, que separa os diabéticos dos não diabéticos, comparando a uma corda bamba da qual sempre é possível cair para o lado não desejado. “Se você tem fator de risco se cuide”, enfatiza, afirmando que pequenas mudanças podem ter resultados bastante significativos.
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