A cada ano a relação das pessoas com o dinheiro fica mais digital: tem gente que nem anda mais com dinheiro ou cartão na carteira e faz todo tipo de pagamento via pix. Essa tendência tem feito o crescer o investimento anual em tecnologia bancária no Brasil. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), cerca de R$ 30 bilhões são investidos em tecnologia, buscando facilitar acesso de milhões de brasileiros ao sistema financeiro através do internet banking e por aplicativos no celular.


 Pesquisa realizada pela própria Febraban em parceria com a Deloitte, divulgada ano passado, revelou que a cada 10 operações realizadas, 7 são feitas por esses meios: 70% das operações no de um total de 119,5 bilhões de transações ocorridas em 2021, foram realizadas pela internet e pelo celular. No entanto, a popularização do uso do meio eletrônico também tem facilitado golpes contra os clientes, principalmente daqueles que usam seus aparelhos celulares.

 Os golpes mais comuns são chamados o da falsa central telefônica, do motoboy e do acesso remoto, popularmente conhecido como ‘golpe da mão fantasma”. Por estarem já bastante ‘conhecidos’, os bandidos estão buscando novas estratégias que consistem basicamente em “manipulação psicológica do usuário para que ele lhe forneça informações confidenciais ou faça transações em favor das quadrilhas”.

 A Febrabran enviou uma lista com as cinco novas modalidades de golpes: do falso policial, do vírus do pix, do falso emprego, do falso presente de aniversário e do falso investimento. Apesar do alerta da Febraban e do alto investimento que a Federação diz fazer para dar segurança às transações, o presidente do Sindicato dos Bancários, Augusto Vasconcelos, pontua que as instituições financeiras tentam se desvencilhar de eventuais responsabilidades. “É obvio que é importante que os cidadãos se atentem às medidas preventivas, porém o sistema financeiro precisa cooperar ampliando os mecanismos de segurança e garantindo o direito do atendimento ao cliente na agência física”, declarou. Uma das reclamações do Sindicato é que agências tem se recusado a atender clientes, orientando-os a fazerem as transações pelo meio virtual.

 O primeiro da nova lista consiste quando a vítima, após receber uma ligação do bandido se passando por um funcionário de banco para informar uma suposta fraude, é surpreendido por um novo telefonema de um falso policial afirmando que o caso está sendo investigado e que o cartão precisará passar por perícia. Então, o golpista pede à vítima que corte o cartão ao meio, dando a impressão de que ele foi destruído, mas deixando o chip intacto. O falso policial, tendo em mãos dados do cliente, vai até a casa da vítima e solicita o documento para perícia e consegue fazer o que quiser com o chip que não foi destruído.

 O golpe do vírus do Pix, também é antigo, com nova roupagem. O falso funcionário envia links e mensagens em aplicativos informando a suposta fraude. A vítima clica e recebe a orientação de instalar um novo aplicativo que na verdade é um vírus. Com a instalação, o bandido capta todos os dados do celular do cliente.

 O golpe do falso emprego, conforme a Febraban, “trata-se de uma técnica simples de engenharia social”. Os criminosos buscam informações de usuários que estão em busca de vagas de trabalho e se passam por falsas agências de emprego. Mandam mensagens para o WhatsApp das vítimas que atraídas por vagas com boas remunerações e pela urgência solicitada, pedem que se matriculem num curso de capacitação, ou enviem dados, e pedem a transferência par aas aulas e para os exames médicos de contratação.

 O golpe do falso brinde e falso presente de aniversário é uma variante da modalidade aplicada sob a farsa do delivery. Após descobrirem dados pessoais e datas de aniversários, quadrilhas de criminosos vão até a vítima para entregar pessoalmente brindes ou presente. Com maquininhas com visor danificadas, pedem uma ‘taxa simbólica, mas os clientes acabam não enxergando e podem ou confirmar um valor altíssimo, ou até mesmo digitar a própria senha no campo que deveria ser o valor.

 Já o golpe do investimento, acontece quando o criminoso cria perfis falsos em aplicativos e rede sociais se passando por corretores ou funcionários de bancos. Eles oferecem opções muito atrativas de investimentos e apelam para que as vítimas fechem o negocio com urgência.

 Em todos os casos, a Febraban aconselha nunca acreditar, nunca dar dados e tampouco digitar senhas em maquinas danificadas.

 Procurada, a Polícia Civil, por meio da assessoria de comunicação, , informou não ter um recorte específico sobre a prática criminosa. “Os crimes são investigados pela Coordenação de Inteligência Cibernética (Cyberlab) e pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber). Os crimes são registrados como estelionato e não dispomos de um recorte estatístico específico para a prática”.

 Presidente do Sindicato dos Bancários, Augusto Vasconcelos afirma que os bancos precisam adotar mecanismos que garantam mais segurança aos cidadãos, ao invés de “empurrar para os clientes a tarefa de realizar transações pelos aplicativos”.

 Segundo ele, houve avanços, mas é preciso aumentar os níveis de segurança, fazer campanhas educativas e ao mesmo tempo colaborar 100% com as investigações para desbaratar as quadrilhas.

 “Além disso, os bancos colaboram com os golpes quando dificultam o acesso presencial às agências. O Sindicato lançou uma campanha de que o cliente tem o direito de atendimento presencial, enquanto as instituições só estimulam o uso de aplicativos. Temos relatos de pessoas que foram barradas em agências e empurradas para fazer a transação eletrônica. Ou seja, por vários motivos ainda existem o atendimento presencial”, declarou.

 Mais investimentos em investigações por parte da Polícia Civil também podem ser um caminho para desbaratar as quadrilhas, conforme o presidente do Sindicato. “A cada semana um golpe novo. Seria interessante constante atualização e acabar com a tentativa de responsabilizar o cliente”.
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