Os enredos de filmes do gênero western dificilmente rivalizam com o contexto de “vida real” registrado em Guarulhos, município paulista onde um homem foi linchado em ocorrência similar à de uma mulher, há nove anos.


 Todos os justiceiros implicados na execução do motociclista Osil Vicente Guedes devem ser investigados pelo homicídio sem chance de defesa.

 Os vídeos circulam na internet, esta nova “corte” ilegal, meio utilizado por apressadíssimos “juízes” do cotidiano, como neste caso, no qual a vítima foi confundida com um ladrão.

 O avanço de abjeta e fascista narrativa, amparada em ódio de classe, etnia e gênero, coincide no Brasil com inclinação coletiva visando às ações ilegais, como a do óbito do senhor de 49 anos, pai de um filho.

 Vale ressaltar: mesmo em ocorrência de furtos, não estão civis nem autoridades policiais amparados na legislação para matar suspeitos, ainda se houver registro de dezenas de passagens por delegacias.

 Cabe a cidadãs e cidadãos mobilizados pelo sentimento de justiça e indignação, no máximo, unirem forças a fim de capturar algum suspeito, entregando são, salvo e com sua integridade preservada aos homens da lei.

 Não aprenderam os guarulhenses com as circunstâncias do espancamento em proporções semelhantes, da trabalhadora Fabiane Maria de Jesus, no ano de 2014, quando um conteúdo falso (fake new) de internet a condenava.

 Cegas pelos alarmes insidiosos distribuídos pelas tecnologias, acreditadas como produtoras de “verdades”, as pessoas partem para atacar com pás, enxadas e tudo ao alcance.

 Não apenas a cidadania precisa aprender a comportar-se, conforme o Código Civil, como estes episódios demonstram o quanto a regulamentação das plataformas digitais torna-se emergencial a fim de evitar reincidências.

 Acresce a morosidade do Ministério Público no combate a ilusão de liberdade de imprensa resultante em clamor por vingança, expresso em altos brados por comunicadores ambiciosos visando conquistar audiência e pix.
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